O título de Cidade Proibida surgiu pelo facto de apenas o imperador, a sua família e empregados especiais tinham a permissão para entrar no conjunto de prédios do palácio. Trata-se de uma cidade dentro de outra cidade. Sede de um governo burocrático que comandou o império mais populoso da Terra, é o maior palácio do planeta, cujos rumores sempre apontavam a existência de 9.999 divisões. Durante séculos, apenas a família do imperador, além dos oficiais e empregados mais graduados tinham permissão de entrar no local. Qualquer outra pessoa que ousasse atravessar os seus portões sem a devida autorização, era sujeita a uma execução sumária e dolorosa.
Construído entre 1406 e 1420, o complexo consiste em 980 edifícios sobreviventes, com 8.707 secções de salas e cobre 720.000 metros quadrados. O complexo exemplifica a arquitectura palaciana tradicional chinesa, tendo exercido influências culturais e arquitectónicas desenvolidas na Ásia Oriental e um pouco por todo o lado. A Cidade Proibida foi declarada Património Mundial da Humanidade em 1987, estando listado pela UNESCO como a maior colecção de antigas estruturas de madeira preservadas no mundo.
No século XX, a Cidade Proibida sofreu uma transformação extraordinária. O século começou com o fim de uma dinastia e a expulsão do último imperador, Puyi. A sua queda em 1912 marcou o fim de séculos de imperialismo e 500 anos da Cidade Proibida como capital do Império Chinês. O palácio foi aberto como museu em 1925, mas sofreu com a ofensiva japonesa em 1931, quando cerca de 19 mil caixas contendo artefatos foram retiradas da Cidade Proibida. Os objectos voltaram a Pequim após a Segunda Guerra Mundial, mas o palácio estava totalmente degradado. O trabalho de recuperação começou em 1950. Notáveis e inesperadas descobertas ainda estão sendo feitas à medida que técnicas antigas são combinadas com a tecnologia moderna para restaurar um dos palácios mais magníficos da Terra.

Actualmente, o Palácio Museu é responsável pela preservação e restauro da Cidade Proibida. As construções em altura ao redor da Cidade Proibida estão restringidas. Em 2005, iniciou-se um projecto de restauro de dezasseis anos, para reparar e restaurar todos os edifícios da Cidade Proibida para os seu estado antes de 1912. Este é o maior restauro da Cidade Proibida empreendido nos últimos dois séculos, e envolve o encerramento progressivo das secções da Cidade Proibida para avaliação, reparações e restauro. Também no âmbito do projecto, algumas secções abandonadas ou destruidas serão reconstruidas. Os jardins do "Palácio da Prosperidade Estabelecia", destruidos num incêndio em 1923, foram reconstruidos em 2005, mas permanecem encerrados ao público. O interior também foi desenhado num estilo diferente, e os edifícios são utilizados por dignitátios em visita.
Enquanto foram feitos esforços para prevenir a comercialização do palácio, existe uma variedade de empresas comerciais no seu interior, tais como lojas de lembranças e stands de fotografia. Estes empreendimentos comerciais provocam frequentemente controvérsia. Uma loja Starbucks foi aberta em 2000, levantou objecções e encerrou em 13 de Julho de 2007. Os media chineses também deram a notícia de que duas lojas de lembranças recusaram a admissão de cidadãos chineses em 2006. De acordo com os repórteres, a proposta era preservar uma atmosfera onde os estrangeiros podessem ser vítimas do abuso nos preços. O Palácio Museu prometeu investigar a matéria. Alguns comentadores, tal como o influente apresentador da Televisão Phoenix, Luqiu Luwei, questionaram mais tarde o conjunto da prática de arrendamento de premissas na Cidade Proibida, como espaço de retalho.

2 comentários:
Adorei este post sobre a "cidade proíbida" na China.
Este post foi estímulo eficaz para que da gaveta recuperasse um texto antigo que, não tendo a ver directamente com a "Cidade Proíbida" de que dá conta este post, está no entanto, "muito próximo" porquanto dá noticia do mais emblemático monumento chinês, A GRANDE MURALHA.
"Ao almoço pedi tripas à moda do Porto. Era só para uma pessoa, mas fizeram questão de me matar a fome e o desejo de comer. Olhei para a travessa e o amontoado de comida que nela havia fez-me pensar que digerir tudo aquilo seria uma árdua empresa, só comparável à construção da Grande Muralha da China. A propósito disso me recordo dum breve texto incluído no livro de ensaios "Novas Inquirições" de Jorge Luís Borges.
Nesse texto intitulado "A Muralha e os Livros" Borges conta-nos que o imperador Shih Huang Ti, que ordenou a construção da Grande Muralha, foi o mesmo que mandou queimar todos os livros espalhados pelos 4 cantos do império.
Era sua vontade que a história do império chinês começasse a partir dele. Pretendia apagar a história do império.
das diversas interpretações que o célebre autor argentino desenvolve acerca destes dois gestos do imperador vou-me ficar apenas por aquilo que refere no final do ensaio, em jeito de conclusão. Aí Borges qualifica as excentricidades do imperador como um "facto estético", tal e qual. Passo a citar: "Todas as "formas" têm valor em si mesmas e não em função de um conteúdo conjectural."
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